Cabo de guerra

Vários relatórios e manifestações reais apontando para uma tendência à desaceleração (slow food, trip, life...) e os fast-food de comida japonesa se multiplicando pela cidade. Nada contra as temakerias, pelo contrário, adoro os vulgos cones. Mas que é um contra-senso, convenhamos que é.
A comida japonesa é reconhecidamente saudável não apenas pela escolha dos ingredientes, mas também por retomar, para nós ocidentais, o ritual da hora da refeição. Ok, os buffets já haviam deturpado um pouco a proposta, mas ainda assim parte do ritual era mantida com os palitinhos, as cumbuquinhas de shoyu e o 'cálculo' da raiz forte, que requerem sentar e dispor de certo tempo para desfrutar da comida, conforme deve ser.
Bem, os cones, por estarem super na moda, serviram de ponto de partida para um convite a pensar (e se questionar) sobre esse cabo de guerra da vida moderna: queremos ser slow, mas vivemos fast. Andam dizendo que ser workaholic está completamente fora de moda, que tempo de qualidade é balela e que a gente precisa mesmo é de mais tempo contado no relógio. No entanto, o crescimento do mercado "on the go", só para reiterar o exemplo dos cones, vai de vento em popa.
Será que queremos de fato mudar o ritmo das nossas vidas? Afinal, quem controla esse ritmo somos nós mesmos. Será que nos damos conta dessa responsabilidade?